segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Jornal Extra não circula na baixada

RIO - O presidente em exercício do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), desembargador Alberto Motta Moraes, repudiou em nota oficial o fato de o jornal Extra com a manchete ' Deputados em campanha mentem para ganhar salário de R$ 13 mil ' não ter chegado à maioria das bancas da Baixada Fluminense neste domingo ( clique aqui e entenda o caso ).
"O TRE repudia com veemência essa ação, que nos parece claramente um golpe de natureza eleitoral. A compra de grande quantidade de exemplares numa mesma região tem todos os indícios de uma tentativa de impedir que informações chegassem a uma parcela do eleitorado. Igualmente graves são as denúncias de que jornaleiros foram coagidos a vender todo o estoque, o que só fortalece a hipótese de se negar à população informações que lhe ajudasse a decidir o voto de forma livre e consciente."
Neste domingo mesmo, através de seu departamento jurídico, a Infoglobo, empresa que edita o jornal Extra, recorreu ao TRE. Além de registrar o fato, fez uma petição ao juiz de plantão, Luiz Melo Serra, para que requisitasse uma força policial visando garantir o trabalho de distribuição e de circulação do jornal na Baixada Fluminense.
Associações de jornais e jornalistas acharam a manobra uma afronta à liberdade de informação.
- É preciso que haja um repúdio rigoroso da sociedade contra esse ato, inclusive do parte do presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Jorge Picciani - disse Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Homens armados tentam impedir circulação
A segunda edição de domingo do Extra, com a manchete ' Deputados em campanha mentem para garantir salário de R$ 13 mil ', não chegou à maioria das bancas da Baixada Fluminense. Um grupo de homens, entre eles alguns armados, comprou cerca de 30 mil exemplares antecipadamente no centro de distribuição de Belford Roxo, impedindo que os jornais chegassem aos leitores. O mesmo grupo ainda percorreu bancas de São João de Meriti e de municípios vizinhos para checar se havia algum exemplar disponível.
Alguns jornaleiros que se negaram a vender o Extra acabaram cedendo depois de sofrerem ameaças. Com medo de represálias, nenhum deles registrou queixa na polícia.
Por volta das 2h de domingo, homens ocupando um Vectra e um caminhão, estiveram na sede do jornal, na Rua Marquês Pombal, com o mesmo objetivo: comprar antecipadamente exemplares do EXTRA. O chefe do grupo, que se identificou como coronel do Corpo de Bombeiros, disse que o objetivo era adquirir 10 mil exemplares, mas acabaram levando apenas 850, comprados com distribuidores na porta da sede do jornal.
Levantamento parcial da venda de jornais de domingo, feito pela Inflglobo, empresa que edita o Extra, indica que o problema se concentrou em São João do Meriti.
A reportagem relacionada à manchete denunciou que os candidatos Marcelo Simão (PHS), Rodrigo Neves (PT) e Alessandro Calazans (PMN), todos deputados, faltaram a sessões da Alerj e inventaram compromissos para ter as faltas abonadas e garantir o salário integral de R$ 13 mil. Marcelo Simão é candidato a prefeito em São João de Meriti; Rodrigo Neves, em Niterói; e Alessandro Calazans, em Nilópolis.

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