sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Brasil e o Carnaval

* Essa postagem surgiu de uma dica do Victor Barone, por e-mail.

 

Devemos dizer que desejávamos publicar algo sobre o carnaval às vésperas do evento, mas não deu tempo, pois nesses dias a mente se rende ao corpo e aos prazeres da vida mansa. De qualquer forma, somos adeptos da tradição popular, no que vale o ditado: “Antes tarde do que nunca!” e devemos por compromisso com nosso público fiel mostrar um pouco do nosso esforço em mostrar algumas curiosidades (científicas) sobre o carnaval.

Primeiramente, para aqueles que se interessam pelo carnaval brasileiro é fundamental a leitura de Roberto DaMatta, dentre seus diversos livros, destacamos três: Carnavais, malandros e heróis; Universo do carnaval; e O que faz o Brasil, Brasil?, os quais infelizmente não encontramos em versão eletrônica. Além deles, há um belo artigo que trata sobre cultura, do mesmo autor, disponível no link abaixo:

http://www.arq.ufsc.br/urbanismo5/artigos/artigos_mr.pdf  

 

Por fim, para tratar com mais carinho do tema, selecionamos duas matérias publicadas pela revista ciência hoje. A primeira fala do trabalho de Roberto DaMatta sobre o Brasil e o carnaval e a segunda trata de uma pesquisa específica sobre a geografia do carnaval carioca. Leia, reflita e comente! Que sirva de inspiração...

 

Em tempo: Explode coração...

 

 

 

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A Antropologia de um Brasil não oficial


Roberto DaMatta é o quarto autor mais citado em trabalhos acadêmicos em ciências sociais no Brasil, atrás apenas de três pensadores estrangeiros, verdadeiros pilares da sociologia: Karl Marx, Max Weber e Pierre Bourdieu. Sua obra ultrapassa a fronteira da antropologia ao interpretar o Brasil em seus dilemas e ambigüidades. A partir da festa mais popular da cultura brasileira -- o carnaval --, DaMatta deixa de lado o Brasil 'oficial' e lança um novo olhar sobre o país, que põe em foco elementos geralmente deixados à margem dos estudos antropológicos.

Apesar de ter dedicado 15 anos de estudo à etnologia indígena, a vontade de desvendar o que o carnaval diz sobre a sociedade brasileira norteou a obra de DaMatta. Foi o primeiro a trazer à luz do pensamento antropológico elementos constituintes de nossa cultura que não eram levados a sério na academia -- como a malandragem, fantasias de carnaval e música popular. "Roberto DaMatta muda a percepção da pertinência da antropologia na vida das pessoas e consegue atingir um público mais amplo", observa Everardo Rocha, ex-aluno de DaMatta e hoje professor do Departamento de Comunicação Social da PUC/Rio.

Nascido em Niterói (RJ) a 29 de julho de 1936, Roberto DaMatta esteve durante praticamente toda a década de 1960 na Universidade de Harvard (EUA), onde concluiu mestrado e doutorado. Voltou ao Brasil em 1970, bastante crítico em relação ao marxismo crasso que havia aprendido e que, segundo ele, havia formado toda sua geração. "Resolvi fazer uma antropologia independente e paguei um preço por isso", conta DaMatta. O fato de não pertencer ao grupo de intelectuais de esquerda gerou antipatia e preconceito; chegaram a dizer que o antropólogo era um imitador de Gilberto Freyre. "Sou de outra época e tenho uma formação intelectual diferente", defende-se. "Tenho consciência para certos tipos de problemas metodológicos, epistemológicos e teóricos que resultaram em uma originalidade e sofisticação muito grandes em minha obra."

Autor de 11 livros, dentre eles o clássico Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro, e de mais de uma centena de artigos científicos, atualmente ocupa a cátedra Reverendo Edmund P. Joyce de antropologia da Universidade de Notre Dame, em Indiana (EUA), onde leciona desde 1987. DaMatta vive entre os EUA e Niterói, onde passa sistematicamente alguns meses por ano. Foi em sua última passagem pelo país, em maio de 2002, que ele recebeu a reportagem da CH on-line.

Roberto DaMatta foi naturalista, auxiliar, pesquisador e professor do Museu Nacional da UFRJ de 1962 a 1987, onde chefiou o Departamento de Antropologia e coordenou o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Foi professor visitante nas universidades norte-americanas de Winsconsin-Madison e Califórnia-Berkeley e da universidade inglesa de Cambridge. Proferiu conferências nos principais centros de pesquisa e ensino de antropologia social da América, Europa, Ásia e África.

Recebeu o prêmio Casa Grande & Senzala do Instituto Joaquim Nabuco como a melhor interpretação do Brasil nos anos 1980 com o livro O que faz o brasil, Brasil?. Também recebeu a Ordem do Mérito Científico e a Ordem do Rio Branco no grau de Comendador. É membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Ciências e da American Academy of Arts and Sciences. 

Paula Americano

especial para a CH on-line

julho/2002

 

 

 

 

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A Geografia do Carnaval Carioca

 

Não é só em fevereiro que a Sapucaí atrai atenções: o geógrafo Marcelo Pereira Matos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), respira carnaval o ano inteiro. Há cinco anos, ele estuda as relações entre o desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro e a proliferação das escolas de samba. Para isso, determinou três períodos distintos da história dos desfiles: 1932-1942, 1943-1983 e 1984-2001.

 

Quando as escolas começaram a surgir, eram atrações secundárias em relação às grandes manifestações do carnaval da época. Cerca de 100 integrantes desfilavam na Praça Onze, numa passarela formada entre arquibancadas desmontáveis. O primeiro desfile formal, em 1932, foi realizado com o patrocínio do Jornal Mundo Sportivo. A prefeitura oficializou o evento em 1935.

 

Durante o período inicial das apresentações, grande parte da população de baixa renda morava na área central do Rio e as escolas, como a Deixa-Falar (a primeira da cidade), se concentravam sobretudo no núcleo metropolitano. O contexto político do Estado Novo influenciou decisivamente as agremiações, que eram obrigadas a apresentar em seus enredos temas nacionalistas e sofriam forte repressão policial.

 

A partir de 1943, o desenvolvimento levou à reestruturação do centro e provocou alterações fundamentais na estrutura urbana. As obras forçaram sucessivas mudanças na localização da folia, que passou pelas avenidas Rio Branco e Presidente Antônio Carlos antes de se instalar definitivamente na avenida Marquês de Sapucaí, em 1978.

 

O segundo período da história das escolas de samba -- considerado seu auge -- foi marcado pelo surgimento de novas agremiações. Apesar da estagnação da área central do Rio como local de moradia, a cidade cresceu muito na periferia e as escolas acompanharam a expansão rumo às zonas Norte e Oeste, direcionada pelo traçado das linhas de trem.

 

Segundo Matos, o sentimento de comunidade, mais forte na periferia, é fundamental tanto para a criação de uma escola de samba quanto para sua sobrevivência. "Analisando o próprio nome das escolas, podemos observar a referência espacial e a ideologia da união de uma comunidade", explica. O pesquisador reuniu mais de 70 nomes que comprovam essa afirmativa, entre eles agremiações famosas como Unidos da Tijuca ou Acadêmicos do Salgueiro.

 

Com a inauguração do Sambódromo, em 1984, o desfile passou a obedecer a regras externas (como as exigências feitas pelas emissoras de TV), tornou-se palco da promoção de artistas famosos e minimizou a importância das próprias comunidades.

 

Apesar disso, comunidades de áreas recentemente ocupadas e novas favelas se organizaram em novas agremiações, como a Renascer de Jacarepaguá. Cresceu também a quantidade de escolas na periferia e em outros municípios da região metropolitana. A distribuição das escolas estendeu-se, enfim, por todos os espaços do Rio de Janeiro. "Afinal, a estrutura urbana constitui, ao mesmo tempo, o território das políticas urbanas e o território das práticas sociais e manifestações culturais", conclui Matos.

 

Catarina Chagas

Ciência Hoje On-line

29/03/04

 

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Filmes de Curta Metragem

Não sei se já falamos aqui no blog do Porta Curtas da Petrobrás, mas melhor pecar pelo excesso do que pela omissão. No Porta Curtas existem diversos filmes de curta metragem de animação, ficção e documentários de todo Brasil. Uma fonte muito rica de trabalhos cinematográficos nacionais. O melhor é que tudo isto é de graça, necessitando somente de acesso (veloz) à internet.

Passeie por lá: http://www.portacurtas.com.br

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Aliás, há uma animação muito divertida que trata de religião e política. A qual, inclusive, foi escolhida como uma das melhores animações do Anima Mundi. Já que vivemos tempos de conflitos políticos e religiosos...

 

PAX de Paulo Munhoz (2005):

Quatro religiosos se reúnem para discutir a violência do mundo atual e encontrar uma resposta para isso. Será que encontram?

 

Link direto: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=3616

 

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Bom filme!

 

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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Livros Falados: mais um passo para a socialização do conhecimento

Na mídia jornalística, são inúmeras as notícias questionando o progressivo declínio do hábito de leitura entre as crianças e os jovens brasileiros. Ao ler algumas destas notícias, refletia sobre o que tinha além desta simples constatação contemporânea recheada de games, internet e atuação intensiva da mídia televisiva. Uma das questões que me surgia foi a leitura está ao alcance de todos? Muitos pensarão na questão do apetite capitalista feroz do mercado editorial. Verdade verdadeira, mas o que gerou maior perturbação foi: o que fazem as pessoas que, por limitações físicas excepcionais, buscam a leitura ou o ato de construir conhecimento? Essa questão está acima dos valores cobrados pelas editoras, mas que não pode ser desprezado se pensarmos que a produção de livros falados é algo excepcional no mercado editorial, ou seja, é motivo de lucro.
Foi pensando nesta idéia que pesquisei na web e busquei cumprir uma das principais razões deste blog de divulgação científica, ou seja, a ação de socialização do conhecimento científico. Desta forma, a partir deste mês, iremos disponibilizar livros falados, ou o termo em inglês “Audiobooks”, visando uma atitude inclusiva do nosso público.

Nosso primeiro passo, será disponibilizar uma grande obra do Geógrafo Milton Santos chamada "Técnica, espaço e tempo", confira:



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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Documentário Occupation 101 - Conflito entre Israelenses e Palestinos

Amigos,

Reforçando a iniciativa do nosso amigo Marcos, disponibilizo um excelente documentário que discute muito bem esse conflito cada vez mais sanguinário.

Occupation 101: Vozes da Maioria Silenciada, 2006.

Este documentário, dirigido por Sufyan Omeish e Abdallah Omeish, e narrado por Alison Weir, fundadora do If Americans Knew, aborda a questão Israel-Palestina, discutindo os eventos a partir do surgimento do movimento Sionista até a segunda Intifada,. Trata de temas polêmicos que por vezes nos recusamos a aceitar como existentes: limpeza étnica, genocídio do povo palestino, as relações entre Israel e Estados Unidos, as violações dos direitos humanos e abusos cometidos por colonos e soldados israelenses contra os Palestinos.



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