quinta-feira, 20 de março de 2008

Pesquisadores paraibanos desenvolvem casa ecológica para o sertão nordestino

Os longos períodos sem chuvas, agravados pela falta de recursos financeiros da população que reside no sertão nordestino, as dificuldades de acesso às tecnologias de construção de baixo custo e o mau uso dos recursos naturais existentes da região levaram um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), coordenado pelo Prof. José Geraldo Baracuhy, a desenvolver o projeto eco-residência.

A primeira eco-residência foi construída na comunidade de Latadinha, zona rural do município de São José do Sabugi (Paraíba). O projeto da casa, que contou com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq/MCT), busca proporcionar ao agricultor da zona rural nordestina condições de viver em grandes períodos sem chuva e de altas temperaturas com bem-estar e sem alterar radicalmente seu dia-a-dia a partir de métodos ambientalmente corretos.


Métodos ecológicos

O telhado da casa foi projetado com inclinação e quedas d´água para favorecer uma adequada captação das raras águas das chuvas. A cisterna que armazena a água foi construída próxima à residência, numa altura superior do terreno, para permitir o abastecimento apenas por gravidade, sem utilizar bombas ou qualquer outro contato.

“Até a arquitetura da casa buscou preservar o meio ambiente e reduzir custos, procurando resgatar velhos costumes da região, como a colocação de um sótão na casa. O interior da casa é arejado e bem iluminado, em razão do pé-direito alto e janelas maiores, o que resulta em maior circulação de ar, menor transpiração e consumo de água. Quanto à estrutura, foi construída sob fortes fundações, pilares e vigas em concreto armado e produção de tijolos ecológicos, utilizando solo-cimento”, disse o pesquisador José Geraldo Baracuhy.

Como foi observado que a água utilizada para lavar as roupas eram despejadas no solo, encontrou-se a solução de reaproveitá-la, após a filtragem e decantagem, nas descargas sanitárias, reduzindo consideravelmente o consumo. Até estes resíduos sanitários, como também da cozinha, têm mecanismo para reutilização e infiltração no solo.

Custo

Para implementar o modelo da eco-residência, os pesquisadores de Campina Grande escolheram um local com grandes dificuldades em captação de água, sem poços tubulares, com usuários freqüentes de carros-pipa e dependentes das chuvas para represar a água.

Em razão da opção por trabalhar com materiais alternativos e acabamento mínimo necessário, reduziu-se o custo em quase 50% em uma construção de 78m2 de área construída (casa, sótão e lavanderia), resultando num custo de R$ 10, 6 mil, enquanto uma residência convencional na região alcançaria cerca de R$ 20 mil.

Fonte: http://www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2008/0307.htm

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