O texto de Renato Suttana e a pintura de Pieter Bruegel mostram (nas postagens abaixo), ambos, o quanto a cegueira é perigosa. Quem nos guia? Para onde nos guia? Sob que pretexto o faz? Por que o(s) seguimos?
Na pintura de Pieter Bruegel, por exemplo, vemos que o líder leva os seus seguidores para a sarjeta. O olhar de surpresa do já caído e o olhar de confiança do último da fila demonstram o despreparo e a fragilidade das certezas que construíram em torno de uma fé pretensamente – e de igual maneira – cega. Não gostaria, entretanto, que se pensasse que essa alegoria fosse uma alegoria da atualidade. Ao contrário, acredito que a cegueira cuja imagem representa foi abandonada nas trincheiras do passado. Creio, porém, que ela se torna um ponto de reflexão sobre tudo aquilo que construímos sem às vezes pensarmos com a mesma dedicação que agimos. As convicções filosóficas, políticas e ideológicas, contempladas como verdades são tão perigosas quanto a ignorância, ou ainda, são o reflexo distorcido desta. Esses pequenos castelos de areia não duram a breve garoa. Além disso, o esgotamento da satisfação intelectual em detrimento de uma satisfação documental é outra cegueira, a cegueira acadêmica de Renato Suttana, a cegueira curricular, da quantidade e da ignorância em seu sentido pleno. A fragilidade desses castelos, desses cegos, é talvez a fragilidade de nosso espírito, de nossas aspirações, de nossos desejos. É o esforço de por somente alguns raros momentos tirarmos nossas cabeças do atoleiro em que nos encontramos e vicejarmos algum futuro mais digno para nós.
E você, o que pensa? É mais um cego do castelo? Comente.
Até!
Nenhum comentário:
Postar um comentário